Consta de alguns depoimentos e muita estatística - para quem quiser ler!
Saiu a 26 de Setembro de 2014
Quadriplicam alunos que têm aulas em
casa
Joana Ferreira da Costa
Joana.f.costa@sol.pt
Em Portugal, o número de crianças e
jovens que estudam em casa disparou nos últimos quatro anos: são já 338 alunos, a maioria na região da Grande
Lisboa. Muitos são filhos de professores.
Foi o ensino doméstico que impediu
Gonçalo, que hoje aos 20 anos estuda no prestigiado King's College, em Londres,
de desistir de estudar no 9.º ano, quando vivia no Porto. «Ele ganhou fobia ao
meio escolar, mas foi um inferno até conseguir que passasse a ter aulas em casa
porque a escola não aprovava essa opção, apesar de estar prevista na lei»,
conta ao SOL Cristina Marinho. Com os outros dois filhos, Lourenço, de 14 anos,
e Dinis, de oito, o processo foi mais fácil e um e outro aprendem com
professores em casa. Para o mais novo, Cristina até conseguiu que de manhã
tivesse aulas no domicílio e à tarde fosse brincar no recreio de um colégio.
Uma mudança que mostra a maior abertura e adesão de professores e pais a este
modelo de ensino.
Nos últimos quatro anos, o número de
alunos em ensino doméstico e individual disparou: no ano lectivo passado, havia
338 crianças e jovens inscritos nestas modalidades, enquanto em 2009/2010 eram
apenas 82, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência (MEC), a que o SOL
teve acesso.
«Houve um boom na procura deste ensino»,
reconhece Sofia Gallis, do Movimento Educação Livre (MEL), criado há três anos
para ajudar os pais a conhecerem os modelos alternativos.
Segundo a legislação em vigor, é
possível ter aulas em casa, dadas pelos pais e professores (ensino doméstico)
ou só por explicadores particulares (ensino individual). Obrigatório é que as
crianças sejam matriculadas numa escola, onde têm, depois, de realizar provas escritas
no final de ciclo.
Sofia Gallis acredita que no futuro mais
famílias portuguesas irão optar por esta via, por permitir currículos mais
flexíveis e métodos menos rígidos e massificados. «Tenho cada vez mais pais a
contactar-nos para dizer que quando os filhos tiverem idade querem iniciar os
estudos em casa», diz Sofia, referindo-se ao facto de a matrícula para o ensino
doméstico só poder ser feita a partir do 1.º ano, por ser este o início da
escolaridade obrigatória.
'Aprender ao seu ritmo'
Foi o que aconteceu com Ana, professora
do ensino básico, que este ano, depois do filho concluir o pré-escolar num
estabelecimento público no Algarve, decidiu mudá-lo para as aulas domésticas.
«Durante o pré-escolar ele entrou em ansiedade, acordava de noite e tinha
muitas angústias», conta ao SOL a professora, que agora, ensina o filho de seis
anos sem horários rígidos nem um programa curricular definido: «Ele aprende ao
seu ritmo, de acordo com aquilo que mais o estimula. Já sabe ler muitas
palavras, mas ainda não quer escrever com caneta, só no computador».
Muitos dos frequentam este sistema de
aulas no domicílio são filhos de professores e de outros licenciados. «A
maioria dos pais tem formação superior», diz ao SOL Álvaro Ribeiro, que está a
concluir uma tese de doutoramento sobre o tema, tendo inquirido mais de 100
famílias. «São pessoas com um projecto educativo bem definido para os filhos e
que acreditam que é melhor conseguido em casa», adianta o professor da
Universidade do Minho.
A
falta de sociabilização é, no entanto, uma das maiores críticas a esta
modalidade de ensino, porque os alunos são privados de um contacto diário com
crianças da mesma idade. Mas para o MEL, os questionários feitos a 40 famílias
do movimento mostram precisamente o contrário.
«Há a preocupação de combater o
isolamento e muitas famílias organizam-se para fazerem passeios ou visitas de
estudo», nota Sofia Gallis, acrescentando que, nas respostas ao inquérito, os
pais salientam que as crianças têm um maior convívio com pessoas de várias
gerações. Além disso, alegam os pais, o facto de estudarem em casa não os
impede de brincar com outros miúdos, havendo casos como o da professora na
Universidade do Porto, Cristina Marinho, que conseguiu que o filho Dinis
frequentasse o recreio de um colégio.
Portugal atrai famílias espanholas e
alemãs
Portugal é um dos países europeus onde o
ensino doméstico (com regras definidas em lei desde 1977) é mais liberal - a
par do Reino Unido, Dinamarca, Rússia e Finlândia, por exemplo.
Por isso, é um dos destinos escolhidos
por agregados familiares da Alemanha ou de Espanha, onde este tipo de
modalidade tem mais restrições. «Temos recebido pedidos de informação de
espanhóis, que querem saber as condições de ensino em Portugal e admitem
mudar-se para cá», garante Sofia Gallis.
Além disso, segundo o SOL apurou, há
famílias de alemães a viver no interior de Portugal, que colocaram os filhos
neste tipo de ensino.
De acordo com os dados do MEC, a grande
maioria dos 338 estudantes que no ano lectivo de 2013/2014 aprenderam à margem
das escolas tiveram pelo menos uma disciplina dada por um familiar. Em todo o
país, só 33 alunos frequentaram o ensino individual em que todas as matéria são
leccionadas por professores contratados para o efeito.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo havia
28 estudantes nesta situação e outros 149 aprenderam com a ajuda da família. Já
no Algarve e Alentejo apenas se verificaram inscrições para o ensino doméstico
- 34, no primeiro e 10 no segundo. Esta modalidade cativou ainda 112 crianças e
jovens do Centro e Norte do país, onde apenas cinco se matricularam na
modalidade em que o currículo é dado por explicadores privados.
«Sinto-me mais bem preparado e com mais
interesse no estudo», diz ao SOL Lourenço, de 14 anos, que desde o 5.º ano
estuda em casa com a mãe e vários professores. Tem nove disciplinas e tanto
pode ter uma aula num café emblemático no Porto como num centro comercial, o
que o ajudou a melhorar as notas. «Subi de quatro para cinco a Inglês, a
Matemática e até a Educação Visual», conta, garantindo não sentir falta dos
recreios por conviver com jovens da sua idade nas aulas de artes marciais que
frequenta.
Apesar de o MEC não divulgar as
classificações escolares destes alunos, a investigação de Álvaro Ribeiro
promete ajudar a perceber se este tipo de ensino é eficaz: «Segundo a
informação que tenho, na Língua Portuguesa e na Matemática as classificações
destes estudantes estão acima da média nacional», revela o investigador e
professor da Universidade do Minho.
Fim
Na minha opinião nota-se a vontade e determinação dos encarregados de educação que não baixam os braços perante o desespero dos filhos com resultados positivos nas aprendizagens - Parabéns!!
Sejam LIVRES
e felizes...
...são os meus votos para o novo ano escolar.
São estes os dois portais que sinalizam sucesso escolar. Se o vosso filho parece angustiado, fechando-se compulsivamente sobre si mesmo, se não dá ouvidos a ninguém - atenção alguma coisa se poderá estar a passar que necessite um bocadinho da sua atenção - uma conversa franca para começar.
E lembre-se que sabe bem recompensar o esforço que as crianças/jovens fazem da melhor forma possível...um gesto um carinho, uma atenção especial sem dúvida que serão bem vindos. Mantenham-se atentos a sinais indesejados - e procurem auxilio se necessário.
Entretanto e apesar da foto que partilhei, tenho descansado pouco. Espero que aproveitem os dias que faltam para se inspirarem e que tudo corra bem até ao final do ano escolar em 2016.